quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Televisão


“Acho a televisão muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para outra sala e leio um livro.”

Foi lendo a frase de Groucho Marx que principiei a refletir sobre o que é a televisão na atualidade. Um meio de comunicação de massas, é a resposta pronta. Mas o que ela comunica? O que ela difunde às massas? Informações, evidentemente. Até aí, nenhum problema. Porém, analise o conteúdo dessas informações. Epa.
Sim, agora há um problema. Coloque no noticiário, na novela, num programa qualquer; garanto que aquilo que encontrará será, muito provavelmente, algo assim: violência, indecência, guerra, conflito, morte, destruição, dor, doença, crime, miséria, corrupção, infidelidade, desamor, desgraça. É sempre o mesmo. Dificilmente haverá algo de bom ou animador.
Por quê? Porque vivemos em uma sociedade que valoriza o nefando, o perverso, o inverso dos valores morais. A mídia raramente evidencia melhorias na educação, na saúde, nas relações amistosas entre os indivíduos. Não, primeiro vem o menino que foi assassinado em favela tal, depois a corrupção do partido X... E, bem, é mesmo necessário ressaltar a importância de eventos culturais ou educacionais? Será que alguém quer ver isso? Poucos querem. Preferem ver morticínio a um atleta brasileiro se destacando no exterior. A não ser que o sujeito seja bonito, neste caso...
O que estou querendo dizer é que a televisão, no mundo todo, tornou-se um meio pouco educativo, a ponto de qualquer iniciativa em prol do contrário ser hipocritamente desvalorizada. E os telespectadores têm grande parcela de culpa, afinal só “vai ao ar” aquilo que “dá ibope”.
Já não é chegada a hora de reconhecermos e enfatizarmos o bom, deixando o mal e deturpador para segundo plano? Será que nos tornamos seres tão desumanos assim? E a mudança, quando vem?
Até lá – visto que o lá pode demorar infinitamente –, seguirei as palavras de Marx e me fincarei nos livros, um dos últimos refúgios da paz e da bondade. Sabe como é, aquela velha história de o Bem sempre vence o Mal. Às vezes, é saudável lembrar-se disso.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Matemática e (m) Minha Vida


Minha vida é uma complexa equação.
Decisões a tomar,
Caminhos a alvejar,
Sonhos a abandonar...
Incógnitas, tenho-as em demasia:
X, y, z.
Tantos valores desconhecidos...
Seus resultados, então!
De um lado da igualdade,
A mente, a razão;
Do outro, o coração.
Minha equação é desigual,
(Des) equação!
Parece irracional;
Complicada, não?
Tantas operações a efetuar...
Amor x amor = (amor)²?
Nem sempre.
Estudo + estudo + estudo =
Futuro? Loucura? Decepção?
X, y, z.
Se tento encontrar a solução,
Surge nova complicação.
Como pode ser tão ilógica,
Esta minha vida?
Nos anais da Matemática,
Não há pista,
Que permita chegar ao fim,
Ao fim da equação!

2010


Pois é, 2010 vem aí... Ano novo, vida nova – é o que dizem. Para mim, acho que será algo assim. Este ano, mais do que em qualquer outro, tive de fazer muitas escolhas, difíceis escolhas. Várias coisas estavam em jogo. Até agora, não sei se optei pelo melhor, mas penso que cheguei perto.
Provei um pouco do que a vida pode ter de mais fadigoso.
Distanciei-me um pouco dos amigos, das saídas, porém com um peso no coração. Como senti falta de tudo aquilo! Dizem que só damos o devido valor a algo quando o perdemos, e é verdade. Não, não perdi meus amigos. Eles foram incrivelmente compreensivos comigo. Contudo, para nós, 2010 é sinônimo de separação. Trilharemos caminhos distintos... Esta vida que nos força a tomar decisões penosas!
Sinto por não ter aproveitado tudo ao máximo, mas havia minha decisão. Tinha de me centralizar naquilo que queria e espero tê-lo alcançado.
Mesmo assim, 2009 foi um ano bom, um ano de mudança. E mudar nem sempre é ruim, ao menos não de todos os aspectos. Acho que amadureci este ano.
No todo, 2010 traz perspectivas boas. Talvez nossa amizade se fortaleça com o distanciamento. Talvez eu consiga me tornar uma pessoa melhor e, quem sabe, ascender no mercado literário. Afinal, creio que existirá um tempo extra para escrever, o que não houve em 2009. Para o bem ou para o mal, é hora de recomeçar...
Feliz Ano Novo, galera!

Dúvidas


Sonhar?
Lutar?
Alcançar?
E de dúvidas sou repleta.
Amar?
Arriscar?
Chorar?
E, de dúvidas sou repleta.
Correr?
Perder?
Vencer?
E de dúvidas, sou repleta.
Sorrir?
Vir?
Sumir?
E de dúvidas sou, repleta.
Obedecer?
Enaltecer?
Desobedecer?
E, de dúvidas, sou repleta.
Continuar?
Parar?
Continuar...?
Parar...?
E – realmente –, de dúvidas:
Sou repleta!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Máquina


Trabalha mecanicamente. O mais rápido possível. Obedece a comandos externos. Não pensa. Só obedece. Trabalha, trabalha, trabalha. Poucas falhas tem. Pelo menos é o que supõe. Em sua complexa estrutura, programas incompreensíveis. Não tem descanso. Frenética e ininterruptamente, trabalha. Não conhece feriados, férias, direitos. Só conhece o trabalho. Afinal, quer enriquecer. Não sente, não raciocina. Não se importa com seu entorno. Só consigo mesmo. Não tem defeitos, a seu ver. Mesmo assim, sempre precisa de alguém para consertá-lo. É cego. É um mal. O Mal da Humanidade. A máquina que despreza seus semelhantes. Só pensa em si. Destrói, trabalha, extermina. Tudo. Espalhou-se em todo o globo na forma de um vírus inelutável. Sua passagem deixa rastros hediondos. Aprecia o dinheiro e o poder. Faz de tudo para obtê-los. Tudo...

Não, não é uma máquina, um vírus ou algo oriundo dos avanços tecnológicos. Não é algo artificial. Ao menos não em teoria. É um ser pensante, o qual ainda chamam – mereceria ele tal alcunha? – de humano.

Palavras...


Disseram que poriam um fim à pobreza...
Disseram que estava próximo o dia
em que todos teriam algo na mesa...
Disseram que haveria escolas de qualidade
– de qualidade – à disposição da população...
Que os criminosos seriam punidos...
E os esforçados,
recompensados...
Que as máquinas não substituiriam o homem...
Que ninguém morreria de fome...
Disseram que não haveria mais guerras...
Disseram muita coisa.
Muita coisa...
Só se esqueceram de dizer – seria proposital? –
que todas aquelas promessas nada tinham
de real!